Conheça Luísa Righeto, a Bailarina brasileira que tem conquistado Nova York
Viver o “American Dream” é uma batalha. Todos os dias você precisará e deverá enfrentar algo que supere todas as suas expectativas. Por isso, Luísa Righeto começou sua trajetória muito cedo. Aos sete anos em Campinas , cidade onde nasceu, interior de São Paulo seus passos como uma estudante de dança estavam sendo trilhados. Era um antigo desejo e seguiu embalada pelas aulas de balé clássico por dez anos.
Aos 17 anos, mudou-se para a capital, para cursar a faculdade de Dança, na Anhembi-Morumbi. O curso, muito além das aulas, foi fundamental em sua formação. E a levou mais longe: aproximou-a de outras linguagens e lhe permitiu a chance de pensar em uma carreira além do balé clássico. Depois de passar pela companhia da Claudia de Souza e pela Caleidos, ambas em São Paulo, inscreveu-se no curso de formação da escola da Martha Graham em Nova York. Lá, durante dois anos, frequentou aulas para aprender a técnica e depois para seguir como professora. De forma determinada, seguiu adiante na cidade, quando, em suas palavras, “as portas começaram a se abrir”. É nesse desabrochar de uma carreira em ascensão e consciente que ela nos dá um depoimento. Confira os melhores trechos!
Como se interessou pela dança?
Comecei a fazer aulas de dança aos sete anos. Eu me lembro de que cheguei para minha mãe e falei que queria dançar porque ficava dançando sozinha na sala de casa quando era criança. Colocava uma música e ficava ali. Ela me colocou no balé clássico e foi muito diferente, não era uma aula livre, tinha que seguir as instruções da professora, mas continuei e acabei gostando bastante. A aula de dança me tocou de um jeito que não quis parar, mover o corpo, agir. Comecei na escola da Beth Rodrigues, uma das pioneiras em Campinas. Ela preparava as alunas para os exames da Royal, os quais fiz até o começo da minha adolescência. Depois procurei outra escola, Karen Righetto Ballet, na qual tinham meninos dançando e comecei a fazer técnica de pas de deux e aprimorar a minha técnica de ponta.
E com o interesse aumentando você resolveu fazer faculdade de Dança e se mudou para São Paulo?
Sim. Eu me mudei para São Paulo para fazer a faculdade de Dança, na Anhembi Morumbi, em 2009. Foi na faculdade que entrei em contato com a dança contemporânea, comecei a estudar educação somática e comecei a me conscientizar mais sobre o meu corpo. Lá tive contato com bons professores como Ana Terra, Mariana Muniz, Lu Favoreto, Silvia Geraldi, Robson Lourenzo, Marisa Lambert, Valéria Cano Bravi, entre outros. Eu diria que foi uma fase bem importante para mim como bailarina poder estudar esses conceitos. Eu me formei em 2012 e fiquei um ano em São Paulo. Nesse tempo, fiz parte do grupo jovem da Claudia de Souza, que usa a técnica de Martha Graham, meu primeiro contato com a técnica. Depois, prestei audição para o grupo da Caleidos e passei. Durante esse ano de 2013 já estava me preparando para fazer o intercâmbio. No início era para aprender inglês, mas depois resolvi unir as duas coisas e me matriculei na escola da Martha Graham.
O que achou da formação na universidade?
Foi muito importante. A faculdade de Dança me trouxe muito conteúdo, muitos conceitos que não conhecia antes. Entrei em contato com grandes nomes, estudei a história da dança. O que mais me marcou foi o fato de eu ter estudado educação somática, que me deu mais sensibilidade, um contato mais profundo com meu próprio corpo e eu pude me conscientizar corporalmente. É uma parte do estudo que defendo muito. Como dançar sem saber que musculatura está mexendo ou os direcionamentos dos seus ossos? Claro que não fico pensando nisso o tempo todo enquanto danço, mas como estudo, nos ensaios ou nas aulas, ajuda a entender porque um movimento está errado ou porque não estou conseguindo fazer um passo. É mais fácil corrigir quando se tem consciência. Eu mesma vou me descobrindo e experimentando novos movimentos e novas sensações, novos caminhos de mexer o meu corpo, consigo me autocorrigir para melhorar.
Isso te ajudou quando começou a fazer a formação da Martha Graham?
Os professores falavam que eu aprendia rapidamente, que tinha uma capacidade de entender as correções. Mas é por causa da educação somática, quando você tem consciência corporal, o professor fala e você faz. Isso me ajudou a entender profundamente a técnica de Graham.
E por que Martha Graham?
Porque foi a técnica moderna que mais me inspirou, mais mexeu comigo. E também foi uma decisão que tomei no Congresso de Dança Moderna, dirigido pela Andrea Raw, de que participei no Rio de Janeiro. Lá fiz aula de José Limón, Lester Horton e Martha Graham. Decidi procurar a base e vim para Nova York. A técnica da Graham trouxe para mim uma maior percepção da organicidade do corpo e me fez descobrir um meio de me expressar melhor. Ela ajudou a me descobrir artisticamente e consegui ampliar minha movimentação, diferentemente do meu caso em relação ao balé clássico: são movimentos que se iniciam muito mais de suas emoções, de seu centro do que pelas suas extremidades. Comecei desde o nível um. Lá não é importante se você tem uma experiência profissional anterior, a escola quer que você conheça todos os detalhes da técnica. Os professores vão te explicar os princípios básicos da técnica como o que é uma contração, por exemplo. Foi importante esse primeiro nível, são informações que você precisa. Nos níveis seguintes, os professores não vão entrar tanto em detalhe, vão começar a puxar mais para seu lado artístico.
E depois que você terminou a escola resolveu ficar em NYC?
As portas estão se abrindo para mim aqui. Vejo a possibilidade de continuar dançando mais. Em relação a ser professora, quero dar aulas em algumas escolas para iniciantes. Eu dancei em um projeto da Alysson Cook Beatty Dance e foi uma grande experiência: é totalmente a minha língua e eu consegui me ver, me encaixar nesse grupo.
E o futuro?
Meu sonho é dançar bastante e não me importo se é com pequena ou grande companhia, importa eu estar dançando. Sonho também em ser professora, dar mais aulas de Martha Graham para iniciantes e coreografar. Aqui em Nova York tenho grande possibilidade de colocar isso em prática porque está todo mundo aberto a isso. Tenho dois trabalhos: um solo que fiz para mim e uma coreografia em grupo. No meu último ano na Martha Graham, estava me formando como professora e tínhamos aula de composição. Nessa aula, consegui fazer as coreografias. Fiz para valer porque realmente quis. Meu solo foi para essa aula. A partir desse solo, coreografei para um grupo. Para esse trabalho, teve uma audição na escola, com várias etapas até conseguir apresentar. Fui uma das selecionadas. Mas tenho muita coisa escrita na minha cabeça que ainda não realizei e quero realizar.
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